Uma simples foto de um quarto…

… pode revelar muito sobre a(o)  dona (o) do mesmo. No caso, eu.  Tirei uma foto desse ângulo por acaso, pra mostrar meu novo corte de cabelo. E aí me dei conta o quanto esse ângulo do quarto revela sobre mim. E o quanto pode esconder. Aí estão as minhas maiores paixões: meus livros, meus cds e dvds, família, amigos, Marcelo. O que mais valorizo na vida, tudo junto numa estante. E, na porta, uma imagem que pintei: uma letra capital “A”, com uma fada segurando-a. Perfeito pra mostrar a quem pertence o quarto

Uma imagem vale por mais do que 100o palavras, mas aqui vão algumas letras sobre a foto. Sobre a estante preta sem graça, com adesivos de gatinhos, um imã musical que ganhei de presente de uma querida prima, uma fada que ganhei de outra querida prima dando graça ao negro metal. Um cartão de homenagem aos 80 anos do meu paidrasto, orgulho de minha vida, que o ganhou dos amigos de trabalho. Um pequeno íma com a bandeira de Portugal, país que sou louca pra conhecer, e que estudo a sua história. Sakura, personagem feminina de Naruto que adoro, uma guria forte com aparência frágil (tal como Ceinwyn e outras tantas personagens femininas adoradas). Um calendário de marcadores de livros. Uma imagem da minha deusa grega preferida desde sempre, Palas Atena (sabedoria e estratégia militar… *-*). Uma foto minha em que seguro uma cimitarra (eu e meu fascínio por culturas diferentes). Um leque de dragão oriental (já escrevi sobre meu fascínio por culturas de todo o mundo?). Darth Vader, um grande herói (porque fazer merda adoidado, se arrepender e se redimir não é pra qualquer um não). Foto com meu amor. Foto com minhas melhores amigas. Um pinguim que me lembra uma grande amiga. Ingredientes pra uma estante preta sem graça ficar a cara da dona.

Pra além da decoração, o que está guardado na estante, fazendo a sua presença necessária no quarto. Livros. Xerox necessárias pro mestrado. CDs e DVDs. Meu trabalho e meu lazer. Meus quadrinhos – mangás, heróis, graphic novels. Minha coleção tolkeniana. Clássicos universais da literatura, do cinema, da música. Rock, muito rock.  Fantasia e ficção científica. Livros sobre religião. Portugal medieval. Dicionários, atlas. Isso é o que se mostra. E o que se esconde?

O gosto de uma pessoa não diz tudo sobre ela. Não demonstra caráter, simpatia, educação, a forma como lida com os outros: o mais importante. Uma pessoa pode ser culta e arrogante. Culta e mau caráter. Ao mesmo tempo, livros, música e filmes podem ajudar a moldar o caráter de uma pessoa – desde que esta permita. Desde que absorva o que está diante de si. Absorção essa que só se sabe se é realizada ao lidar diretamente com o ser. Uma estante dessas pode mostrar um gosto artístico, mas esconde a forma como se absorve essa arte.

Aos leitores que não me conhecem: faço o que posso para bem absorver, da melhor forma que sou capaz, a arte que consumo. A arte funciona pra mim como auto-ajuda e como uma forma de conhecer novos ângulos de se enxergar o mundo. Quando vejo uma estante dessas, fico feliz de saber da potencialidade da pessoa ser interessante. Rezo para que o que se mostra seja minimamente coerente com o que se esconde.

Ouvindo: The Smiths – Strangeways, Here We Come – Death Of A Disco Dancer

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