Filmes da infância

Terça escrevi sobre a minha banda preferida da infância. Em homenagem à semana das crianças, hoje escrevo sobre meus filmes infantis preferidos: Jardim Secreto e A Bela e a Fera. Dois filmes vistos quando era criança, e que ainda não cansei de ver. Vamos a eles.

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Vi A Bela e a Fera pela primeira vez há vinte anos, quando entrou em cartaz. Obriguei adultos a me levarem aos cinemas mais duas vezes, e minha mãe alugou o VHS várias vezes, até que comprou a fita pra mim. Vi tantas vezes que até hoje consigo acompanhar algumas falas dos personagens. A identificação foi imediata, e permanece até hoje. Bela, a protagonista, é curiosa e apaixonada por literatura. Uma filha amorosa. Sendo alvo de disputa de dois homens, apaixona-se pelo que se apresenta fisicamente como um monstro, ao invés do suposto galã. A decisão dela foi pautada pelo caráter dos pretendentes, e não pelas suas aparências. A importância dada à beleza interior, mais do que à exterior, me encantou aos sete anos e assim me identifico com a Bela há vinte anos. Outro ponto de identificação com o filme é a imperfeição do príncipe – Fera é cara amaldiçoado pela sua arrogância, que precisa encontrar um amor para voltar à forma humana. Quando conhece Bela, não é sem dificuldade que consegue mostrar o melhor de si – como qualquer um tem dificuldades. A relação dos dois, aliás, é uma das mais belas e realistas dos filmes Disney. Brigam, fazem as pazes, cuidam um do outro. E uma das coisas mais importantes do Fera: ela se importa com ela do jeito que ela é. Ao invés de “flores, bombons e promessas que não pretende cumprir”, Fera dá a ela o melhor presente possível, aquele que mais importa pra uma biblófila: a imensa biblioteca do castelo. Quando brigam, é capaz de ir atrás dela, ver se está bem, se desculpar. Foi capaz de libertá-la para não a ver triste pela falta do pai. Com todos os defeitos, o Fera é o meu príncipe preferido: é aquele capaz de suplantar-se, aquele que oferece à mulher amada o que ela precisa, na medida, sem pra  isso ser perfeitinho e irreal demais.

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O segundo filme da minha infância, O Jardim Secreto, não foi e não é importante tanto pela identificação com a protagonista. A importância dele é pelo tanto que coisas simples – um jardim, uma corda de pular – podem ter pro restabelecimento das pessoas. É através da (re)descoberta de um jardim que uma família a princípio doentia– um viúvo, seu filho e sua sobrinha – se  recupera. É a beleza e o cultivo de um jardim curando emocionalmente uma família quase destruída. Duas tristes crianças – Mary Lenox e Colin Craven – descobrem a infância. Um viúvo infeliz descobre o filho e a sobrinha, redescobre a vida. Não posso deixar de comentar: a família em questão é nobre, inglesa, fundiária. E não foi o dinheiro que os ajudou, mas uma simples atividade conjunta ao ar livre.

Não foi apenas a beleza da história que chamou a minha atenção para O Jardim Secreto. Meu temperamento sempre foi primaveril – minha estação preferida sempre foi a das flores, do sol aberto com temperaturas amenas. Ver o filme explicitou isso pra mim. O cenário é um encanto, ainda terei um jardim pra chamar de meu – nem que seja um simples e pequeno jardim de inverno em casa.

Mesmo sendo infantis, os dois filmes continuam importantes pra mim. Tenho enfrentado algumas dificuldades – inclusive dúvidas em relação à carreira que escolhi – e a lembrança dos filmes, e do porque os amo tanto, está me ajudando a superar minhas indagações, está sendo importante. Tendo escolhido uma profissão que pouco rende financeiramente,a tensão com dinheiro é presente (e pra piorar é pouco reconhecida). Mas os filmes são lembranças de que o que mais valorizo na vida são possíveis de se conquistar com um salário de professora. Enfim, o contato com o mais importante na infância me faz uma adulta mais satisfeita com as escolhas que fiz – porque afinal foram feitas de acordo com o que mais amo e mais acredito Smiley de boca aberta

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