“Ler livros te faz melhor”. Taí uma falácia das boas. Teoricamente, ler expande os horizontes, ajuda a relativizar as verdades do leitor. Infelizmente, o que vejo desde sempre é que em muitos casos a teoria é bem descolada da prática. Parte dos leitores que conheço não melhoram com a leitura, ao contrário, ficam pedantes. Ou a leitura ressaltou a pedantice de quem já tinha potencial para tal.
Para muitos, ler não é apenas uma atividade que proporciona prazer e conhecimento, é também uma forma de se ganhar status. Alguns gostam do status do poder de consumo, outros se importam com o status de teoricamente ser possuidor de conhecimentos vários. Na minha opinião, ambos são fúteis, simples acumuladores de atividades que gostam de exibir como um troféu.
Esses acumuladores de conhecimentos literários – e artísticos também – negligenciam muitas vezes valores como a simplicidade e a ética. Muitas vezes, os números de leitura e a qualidade dos títulos impressionam, mas a petulância destaca-se ainda mais. Arrogância que faz a pessoa se sentir melhor do que outros pela quantidade de títulos lidos, ou pelo reconhecimento acadêmico do que leu.
Quanto mais o tempo passa, mais pratico o ensinamento da imagem acima: procuro pessoas pelos valores, não pelos gostos. O que me importa num amigo novo são os seus valores. Conheço pessoas com ótimos gostos, mas que não suporto a convivência. Por outro lado, pessoas com gostos quase opostos são adoráveis para se conviver. Porque adoram a vida e adoram pessoas, e isso são os gostos que realmente importam. Educação, gentileza, observação. Ninguém precisa ler ou ver um filme cultuado para ter essas qualidades dentro de si.
E você, leitor, ler te faz pior ou melhor? Expande ou diminui seus horizontes?