Hoje vi Malévola. Adorei. Não é novidade pra ninguém que amo contos de fadas, apesar de alguns problemas para nosso gosto moderno: as personagens são distribuídas de forma maniqueísta, o príncipe bonzinho salva a donzela indefesa… Os tempos mudam, o nosso amor por contos de fadas continua, e vão sendo feitas adaptações para os gostos atualizados.
Nesse movimento adaptador, entra Maleficent. Aqui não tem príncipe bonzinho salvador. Felipe não salva ninguém. Não tem vilã que faz maldade pelo simples prazer de ser ver os outros sofrerem. Tem uma fada que sofreu uma atrocidade por conta de ambição alheia. O que acontece com alguém assim? Ou perdoa e segue adiante ou se vinga. Malévola se vinga. E amaldiçoa Aurora para tanto, para se vingar do pai dela. E é o amor por Aurora que redime a outrora vilã.
No final das contas, o filme é sobre amor e redenção. Amor construído ao longo de uma relação, não o “amor à primeira vista”. Verdadeiro amor de uma madrinha pela sua afilhada, nada de se centrar em amor romântico (embora ele não deixe de existir, mas absolutamente secundário). E a redenção é construída, um processo, não algo repentino feito para que tudo acabasse bem.
Sendo um filme da Disney, e acompanhando uma série de adaptações e criação de novas princesas, acho que estamos sendo testemunhas de algo histórico aqui: a criação de um novo padrão de heroínas. Mulheres que não ficam ali esperando o príncipe para serem salvas. Mulheres que não tem como único amor possível um amor romântico. Mulheres que amam outras mulheres, ao invés de as verem eternamente como rivais. Não sei se terei filhas (sei lá, vai que me cerco de homens), mas uma coisa sei: tenho para mostrar para a minha sobrinha não apenas as clássicas mocinhas – com as suas qualidades inegáveis – mas também tenho agora Malévola, Elsa, Anna, Valente, dentre outras tantas protagonistas construídas de forma mais rica do que as mocinhas do século passado. Ainda bem. Nossas crianças estavam precisando disso.