Quando Ms. Marvel foi originalmente lançada, em 2014, fiquei com muita vontade de ler. Protagonista feminina, paquistanesa muçulmana vivendo nos EUA. Foi super elogiada. Mas demorei a ler, porque não sou FÃ de quadrinhos: gosto muito, mas não corro atrás. E eis que, mais de um ano depois do primeiro encadernado ser lançado, a Panini lança em Terra Brasilis o primeiro volume – Ms. Marvel: Nada Normal.
A repercussão da HQ foi bem grande: primeiro(a) protagonista muçulmano(a) da Marvel, paquistanesa, escrita por uma mulher, vencedora do Hugo Award 2015 de melhor Graphic Story… e a Panini só lança o encadernado de outubro de 2014 em janeiro de 2016. E eu, atrasada como a Panini, só a li agora, em março. Estava com as expectativas muito altas, o que quase nunca é bom, mas dessa vez não me decepcionei.
Kamala Khan é uma jovem muçulmana e paquistanesa de 16 anos, que mora em New Jersey, com problemas bem a comuns às garotas de sua condição. Não se adequa completamente na escola, tampouco se sente completamente à vontade com o islamismo. É nerd: fã de super-heróis – especialmente Carol Denvers, atual Capitã Marvel, RPG, video-games.
Em uma noite em em que sai escondida de casa para ir a uma festa da escola, é envolta por uma névoa, e ganha seus poderes: elasticidade, mudança de forma e regeneração.Se o quadrinho tem uma pequena falha é essa: não explica direito que névoa a envolve. Gosto de quadrinhos, mas não sou fã: precisei da internet para descobrir que a lembrança dela – Inumanos! – era o que correspondia à sua nova realidade. Muitos, como eu, caíram de paraquedas na leitura da nova Ms. Marvel por conta da repercussão que a história alcançou. Nada que o Google não resolva. A partir desse momento, Kamala tem que aprender a lidar com seus poderes e a conciliar a vida de heroína com a vida pessoal.
Sua primeira aventura demora um pouco para aparecer, e não me envolveu muito. Não se finaliza nesse arco, mas só fiquei razoavelmente curiosa pela história em si. O que me envolveu mesmo, e que vai fazer com que eu acompanhe a Ms. Marvel, foi a personagem e a sua ambientação. Kamala Khan é carismática, tem conflitos com a sua família – mas esses conflitos são retratados de uma forma muito legal, sem exageros, sua relação com a escola é bem feita, assim como a relação com a religião. Tem piada feminista de superproteção por parte de um amigo (e lembrei da Rey, mas a Kamala veio primeiro) – o que gostei bastante – ainda vamos nos fazer entender: não queremos superproteção! A questão religiosa aparece de uma forma muito legal: o fato da roteirista, G. Willow Wilson, ser uma muçulmana conversa fatalmente ajudou aí. Sem estereótipos, brincando um pouco com eles, mas sem deixar de apresentar problemas – como o papel da mulher na sociedade muçulmana. E, claro: a inserção de uma família muçulmana nos EUA. Kamala sofre um pouco de bullying por isso, mas nada insuperável.
Acompanharei a Ms. Marvel. Seja nos primeiros 19 números, seja a partir do momento em que sua trajetória vai ser zerada. E provavelmente irei ler mais coisas da G. Willow Wilson, como seu romance Alif, o Invisível, que já foi lançado por aqui.
Título: Ms. Marvel – Nada Normal
Roteiro: G. Willow Wilson
Ilustração: Adrian Alphona
Editora: Marvel (EUA)/Panini (BR)
Ano: 2014 (EUA)/2016 (BR)
Páginas: 124
Cotação: ♥♥♥♥♥