Pequena reflexão sobre uma cor

Estou participando de um desafio fotográfido do Instagram: o #desafioprimeira, feito pela fotógrafa Luh Testoni. Ela propõe uma lista mensal de desafios temáticos, um desafio por dia. O desafio de hoje é “rosa”, e me inspirou para uma pequena reflexão, feita aqui, e que vou expandir nesse post.

list_640px

Sempre gostei de rosa. Nunca foi a minha cor preferida – gosto mais de azul e verde – mas sempre gostei. Durante uma breve época da minha vida – a adolescência – reneguei esse gosto, para no final do período eu voltar a usar rosa.

Aos dezoito ou dezenove anos percebi que o que me incomodava não é a cor rosa. Meu incômodo é a série de padrões sociais associados à essa cor. No atual momento histórico, a a cor é associada ao padrão do “feminino”: delicadeza extrema, fragilidade, lar… E nunca fui a mais delicada das mulheres. Não sou o que é identificado como “mulher masculina”, mas não sou sempre delicada. Detesto fazer muito do que é imputado às mulheres: cuidar da casa, se maquiar. Tenho dificuldade em ser sutil – e mulher que não é sutil é ignorada, reparem bem (e fui bastante ignorada, em grande parte da minha vida). Ou, ainda, ignorada e taxada de louca.

E não fui a única a identificar de forma negativa a cor com o que nos é imposto socialmente. Reparem bem: grande parte das meninas e mulheres que não gostam de rosa detestam a cor. Eu por exemplo não sou fã de laranja e amarelo, mas simplesmente não gosto, mal compro, mal uso. Fim. Grande parte das mulheres que não gostam de rosa falam da cor com nojo. Nunca ouvi “por que está usando amarelo? Azul? Verde?”, mas “Rosa. Sério, Alinde?” já ouvi várias vezes. Porque fomos ensinadas desde cedo que rosa é a cor da delicadeza por excelência, cor da feminilidade, e como tal nos é empurrada goela abaixo desde meninas. Não é a toa que tem tanta rejeição entre as mulheres.

É uma pena. Uma pena que uma simples cor tenha carga tão negativa. Entre homens e mulheres, justamente por ser tão identificada com o feminino. Porque o feminino tem essa carga negativa. Mas isso é papo para outro post…

Deixe um comentário