Atlas Universal do Conto

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Atlas universal do conto

Organizadores: Alberto Mussa e Stéphane Chao

Editora: Record

Ano de lançamento: 2013

Número de páginas: 336

Coraçõezinhos: ♥♥♥♥

Sou apaixonada por contos. Meu interesse literário abarca o mundo inteiro. Sendo assim, quando o livro foi lançado, fiquei louca para lê-lo. Ganhei o meu exemplar em fevereiro do ano passado, no meu aniversário, e… como boa procrastinadora que sou, terminei em janeiro a leitura, quase um ano depois.

O livro, além do índice, tem um mapa que mostra de onde provém os contos, e em que época da História foram escritos. Daí fica fácil ler por região, ou por época em que foram escritos, se o leitor desejar fugir do índice. Ano passado, tentei ler por épocas históricas. Não funcionou. Li 15 dos trinta contos e empaquei, sabe-se lá porque. Quando fui ler pela ordem que foi editada, a leitura fluiu.

São trinta contos divididos por quase todos os continentes. O livro tem o mesmo problema da minha estante: falta a Oceania. E o conto chinês é o famoso do sábio que sonhou que era uma borboleta. Sério que a China não tem mais nada a oferecer? Quase não contou a China, pra mim (ano passado li esse conto duas vezes em duas coletâneas). Acho que vou só terminar o Antologia da Literatura Fantástica e parar de ler essas antologias universais por um tempo – elas estão começando a se repetir. Mas divago. Voltemos ao Atlas.

Todos os trinta contos têm comentários dos organizadores. Aconselho a ler os contos, analisá-los e só depois ler os comentários deles. Algumas das minhas interpretações dos contos ficaram relacionadas demais aos comentários dos organizadores. Só depois de alguns contos parei para fazer a minha reflexão antes de ler os textos do Mussa e do Chao. Outra coisa deprimente sobre os comentários é que 90% deles me lembrou o quanto sou ignorante em literatura. Alguns lembraram da minha ignorância em filosofia.  Uma lembrança de que sempre, sempre mesmo, o que sabemos é um ponto dentro dos oceanos de nossos assuntos de preferência. Ao mesmo tempo, não deixei de entender nenhum, e algumas referências eu compreendi perfeitamente, por compartilhar delas. Um consolo. Os textos deles, aliás, fazem jus ao “universal” do título do livro: eles mostram paralelos entre os contos e outras obras que muitas vezes causam estranheza, ao comparar culturas nada relacionadas entre si. Pudera: o que buscam é a questão universal que se mostra naquele conto analisado. Algumas vezes soa um pouco forçado, mas na maioria das vezes a relação entre o conto e as outras obras apontadas é perfeitamente compreensível.

A seleção dos contos é realmente boa. Além da multiplicidade de tempos e lugares, os organizadores fizeram variação também nas temáticas e gêneros. Temos desde contos tradicionais, milenares, até uma revoltante narrativa que se passa na guerra civil angolana. Clássicos brasileiros (por que só clássicos?) e contemporâneos africanos. Realismo fantástico argentino e realismo russo. Um livro ótimo para quem gosta de variedade literária. E o melhor: não há um conto que seja detestável. Alguns brilhantes, outros bons, mas nenhum ruim.

Em suma, um ótimo livro para se ter uma noção do quão vasto é o mundo da literatura, e o quão vastas são as possibilidades de interpretações e interrelações. Um livro que nos lembra da nossa ignorância, mas que também dá sumo para tentar diminuí-la. Por que então não ganhou cinco coraçõezinhos? Porque coletâneas nunca ganham. Sempre tem um conto que gosto menos, sempre vai ter algo que eu incluiria. E não gostei de alguns comentários. Mesmo assim, altamente recomendável.

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