Minha paixão por Tolkien. O começo

Tolkien na sua biblioteca
Tolkien na sua biblioteca

Há 122 anos, no dia 3/1, nascia um dos escritores que mais marcaram a minha vida de leitora: o Tolkien. Para quem ainda não ligou o nome aos livros, ele é o autor do O Hobbit e do Senhor dos Anéis. Faço aqui uma confissão literária: tenho vergoinha de ser tão fã dele. É aquela coisa, cresci numa família de intelectuais, secretamente eu esperava de mim mesma que o meu autor mais amado fosse um russo, ou um brasileiro clássico. Eu sei, é besteira. Tanto porque ninguém tem que ser apaixonada por um autor clássico para ser intelectual (e sou apaixonada por vários, mas nenhum no nível do Tolkien) como porque o Tolkien permite algumas camadas de interpretação. E ainda mais: por que mesmo eu TERIA que ser intelectual? Enfim, é besteira, mas todos temos desses auto-preconceitos, não é mesmo? Só estou confessando um, e que afinal não interfere na minha vida. Não deixo de confessar e mostrar a minha paixão seja a quem for. E não deixo de ser fã de literatura pop pra me forçar a ser uma leitora “respeitável”.

Mas não foi pra fazer do post um confessionário literário que tive a ideia de escrever. Estou aqui para falar do porquê de seu Tolkien ter se tornado tão importante para mim.  Li “O Senhor dos Anéis” pela primeira vez em 2001, com 17 anos. O primeiro filme da trilogia estava para sair, já estava um bafafá danado, e eu queria ler antes de ver.

Não foi paixão instantânea. O começo do livro tem uma narrativa lenta. Muito. Passam-se páginas e páginas e nada acontece, ele só apresenta o modo de vida hobbit. Depois passam-se páginas e páginas e eles atravessam uma floresta. Com praticamente cada árvore detalhadamente descrita. Pouquíssima ação na primeira centena de páginas. A sorte é que eu já esperava por isso, e prossegui na leitura. Ainda bem. O livro se transformou um divisor de águas para mim. Na adolescência, li muito pouco. Quer dizer, pouco pro meu ritmo habitual: de leitora voraz fiquei a uns 10 livros por ano. O Tolkien foi o responsável por eu voltar a ler com maior frequência.

“O Senhor dos Anéis” me fisgou primeiramente por ser uma aventura -sempre amei livros de aventura; por remeter a mitologias europeias – e sou apaixonada por mitologia desde criança (culpa do Monteiro Lobato); por remeter à Idade Média. Por… razões que não me lembro mais. Já se passaram 13 anos e 2 releituras, afinal. As primeiras sensações ficaram meio obscurecidas pelo passar do tempo e das releituras.

Minha coleção parte 1
Minha coleção parte 1

Mesmo assim, posso dizer com certeza: o que mais me marcou foi o fato de ser um livro que abre as portas para dezenas de outros. Não apenas por ser de fantasia, e ser uma ótima iniciação para esse tipo de literatura. Mas principalmente por remeter a mitologias, por fazer referências à Idade Média. Tolkien foi o pontapé inicial para eu começar a estudar Idade Média com grande interesse na faculdade de História – e hoje estou me especializando nesse período, já sendo mestre. Acabei seguindo em outra direção, nada a ver com Idade Média inglesa – meu interesse inicial, por razões óbvias. Estudo Península Ibérica. Mas, de qualquer forma, Tolkien foi o pontapé, pela qualidade da ambientação que fez (até escrevi um post sobre a relação da obra com a Idade Média, na Valinor). Ambientação, aliás, muito bem feita não sem razão: ele também foi medievalista, mas na área de Filologia e Linguística.

Depois do “O Senhor dos Anéis”, li “O Hobbit” (mal adaptado, ao contrário do SdA) e, finalmente, “O Silmarillion“. O último, mesmo incompleto, é a obra prima dele. Mas, como estou relendo-o neste momento, prometo um post só sobre ele em breve 😉

Minha coleção parte 2
Minha coleção parte 2

2 comentários em “Minha paixão por Tolkien. O começo

  1. Olá,

    Achei seu relato bastante interessante e me lembrou bastante da minha própria trajetória com Tolkien.

    Dado que vc mencionou o encadeamento da obra (de que uma coisa em Tolkien acaba sempre remetendo a outra), fica a sugestão da série HoME (Histories of Middle Earth), especialmente os livros 1 e 2 (Book of Lost tales 1 e 2), que são as primeiras versões dos contos que depois foram compilados definitivamente em O Silmarillion. Possivelmente vc já conhece essa sugestão, mas lembrei de mencioná-la porque, apesar de o livro não ser tão bem escrito quanto a edição posterior publicada, o estilo da narrativa se parece muito com os dos antigos bardos, com um caráter quase medieval do narrador: as histórias são contadas por um narrador presente no próprio livro.

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    1. Sou doida pra ter os HoME. Só estava esperando ter condições de comprar. E agora vou fazer alerta no Book Depository pra edição que eu quero, os 12 em 3 volumes 😉

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